quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A Boneca de Trapos

         
       
        Numa manhã de outono, enquanto o sol tentava furar as nuvens, Dânia de 8 anos observava a rua coberta de folhas secas.
         Segundos depois, a mãe Anabela entrou no quarto e disse:
         - Filha, a avó Vitória telefonou e disse que tem lá uma prenda para ti. Como tenho que lá ir, queres ir comigo?
             Sorrindo, Dânia disse rapidamente:
         - Sim, quero.
         Durante o caminho, Dânia corria e pulava em cima das folhas secas caídas e divertida escutava o seu estalar.
         Ao chegar a casa da avó, Dânia abraçou-a e esperou ansiosa pela prenda. Minutos depois, a avó Vitória abriu um armário e tirou de lá um saco que lhe entregou.
         Curiosa, Dânia abriu-o rapidamente e ao ver uma boneca de trapos, pegou-lhe e agradeceu:
         - Obrigado avó.
         De regresso a casa, Dânia levou a boneca para o quarto e depois de ver o seu estado, disse-lhe:
         - Estás um bocado estragado.
         Instantaneamente, a boneca mexeu-se e começou a falar contando:
         - Os meus antigos donos não gostavam de mim e não me tratavam bem. Só me atiravam ao chão, algumas noites deixavam-me na rua e por isso, agora estou estragada e feia.
         Atenta ao que a boneca lhe estava a contar, Dânia disse:
         - Eu vou-te tratar bem.
         Sem imaginar o que Dânia estava a pensar fazer-lhe a boneca perguntou:
         - Que me vais fazer?
         Dânia olhou-a e disse:
         - Vou fazer-te umas roupas novas e pôr-te bonita.
         Assim que acabou de falar, Dânia saiu a correr do quarto e pouco depois regressou com uns panos e com ferramentas de costura.
         Depois de vários cortes e recortes, Dânia cozeu e preparou um lindo vestido para a boneca.
         No dia seguinte, Dânia lavou a boneca com muito carinho e secou-a com o secador. No fim de tudo isto, olhou-a e disse-lhe:
         - Vou a casa da minha avó pedir-lhe para te fazer um chapéu.
         Em casa da avó, Dânia ajudou-a a fazer o chapéu e cantarolando regressou a casa.
         Já no quarto, pegou na boneca e depois de mais uns ajustes na roupa, colocou-lhe o chapéu.
         De seguida, pegou nela e levou-a ao espelho. Lá, quando se viu toda bonita e bem cuidada, a boneca exclamou:
         - Estou tão bonita!
             Sorrindo, Dânia disse:
         - Sim. Pareces uma princesa!
         Felizes, Dânia e a boneca ficaram muito unidas e companheiras.
         Os dias foram passando e, numa tarde chuvosa em que só podiam estar em casa, Dânia olhou para a boneca e vendo-a triste, perguntou:
         - Que se passa!?
         A boneca olhou para Dânia e respondeu:
         - Sei que agora estou muito bonita mas, sinto que ainda me falta alguma coisa.
         Sem saber o que a boneca estava a sentir, Dânia perguntou:
         - O que é!?
         A boneca olhou para Dânia e com um olhar triste disse:
         - Todas as bonecas que conheci tinham um nome, menos eu.
         Sorrindo, Dânia perguntou:
         - De que nome gostas?
         Depois de uns segundos de silêncio, a boneca respondeu:
         - Eu não sei nomes.
         Olhando para a boneca, Dânia disse:
         - Desde pequenina que adoro o nome Mara.
         A boneca olhou para Dânia que perguntou:
         - Gostas!?
         Sorrindo, a boneca respondeu:
         - Gosto. É um nome muito bonito.
         Feliz por a amiga boneca gostar do nome, Dânia disse:
         - Então, a partir de agora és a minha boneca Mara.
         A partir desse dia, em todos os momentos livres, Dânia brincava com Mara e assim percebeu que, mesmo as coisas de menos valor merecem ser tratadas e cuidadas com muito respeito.


Fim


          

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