sexta-feira, 19 de junho de 2015

Uma Viagem Atribulada


Com o despertar de mais um dia, toda a aldeia Ziricó se preparava para um fim de semana feliz. Sentados à mesa, os irmãos Edu de 9 anos e Mia de 8 tomam o pequeno almoço na companhia dos pais Pedro e Sónia.
- Durante a noite estivemos a planear estes dois dias – disse a mãe Sónia.
- Vocês vão adorar os planos que temos – disse o pai Pedro.
- Quais são!? – perguntou Edu.
- Vamos á aldeia Caracol ver o festival das sopas, vamos á praia dos Encalhados e temos que ir visitar a tia Felisberta – respondeu Sónia.
- Eu não gosto de ir a casa da tia. Tenho medo dos cães que lá estão – disse Edu.
- Eu também não gosto dos cães mas, adoro o baloiço do jardim – disse Mia.
- Pois. Mas, vão ver que vão gostar. Ela disse que tem lá novidades – disse Sónia.
- Espero que não tenha adotado a cadela da vizinha que estava quase a ter cachorrinhos – disse Pedro.
Com o rádio ligado, os irmãos começaram a cantar e, de repente ouviram um barulho parecido com uma explosão. Assustados, Mia e Edu abraçaram-se.
- Que foi isto? – perguntou Sónia.
- Deve ter sido algum pneu que rebentou – respondeu Pedro.
Agora com o carro parado, Pedro saiu ao verificar os pneus, viu que estavam todos em bom estado. De regresso ao carro, rodou a chave e o barulho repetiu-se.
- Só nos faltava isto. Vou ligar ao Zeca mecânico a pedir que nos venha ajudar – disse Pedro.
Pegando no telemóvel, Pedro procurou o contacto e após tê-lo encontrado, marcou-o. Esperando o sinal de toque, o telemóvel não fez qualquer barulho e Pedro insistiu algumas vezes. Olhando para o telemóvel, viu que este não tinha qualquer sinal de rede o que tornava impossível a realização de chamadas.
- Sónia. Tens aí o teu telemóvel? – perguntou Pedro.
- Já estou cansada de te dizer que o meu telemóvel está avariado. Não faz nem recebe chamadas – respondeu Sónia.
- Só a nós é que isto acontece. Depois de tanto tempo a planear estas férias, tinha que acontecer alguma coisa – disse Pedro.
Sentados na erva, olharam para o carro e tentaram encontrar uma solução para o problema.
No momento seguinte, Pedro olhou para as bicicletas e sorriu.
- Já tenho a solução! – exclamou.
- Qual é!? – perguntou Sónia.
- Eu e o Edu podemos ir com as bicicletas até à aldeia mais próxima – respondeu Pedro.
- Vão. Eu e a mãe ficamos aqui a guardar o carro – disse Mia.
Afastando-se, Pedro e Edu percorreram alguns quilómetros e ao longe, ao verem alguns telhados pedalaram ainda com mais força e vontade.
Ao chegarem ás casas, Pedro olhou para diversos locais tentando encontrar algum habitante mas, não estava ninguém nas ruas. Um pouco mais longe, viram uma placa onde leram:
“Café Fofocas”.
Pensando ter encontrado a solução, apressaram-se até lá. Em frente à porta, viram que estava fechado e Edu começou a mostrar alguma impaciência.
- Tem calma. Eu prometo que tudo se vai resolver – disse Pedro.
Continuando a observar o espaço, Pedro e Edu não se aperceberam que o céu tinha ficado carregado de nuvens escuras e, de um momento para o outro começou a chover. Sem terem um local para se abrigar, regressaram ás bicicletas e começaram a pedalar.
Ao fim de alguns minutos, encontraram um casebre e, vendo-o abandonado, decidiram entrar e assim protegerem-se da chuva. Enquanto respiravam de alivio, começaram a ouvir o som Grrrrrrrr, que os fez olhar para todos os lados. Apesar da luz ser reduzida, Edu viu que num canto, estava um cão que não parecia gostar da companhia e que mostrava os seus dentes perigosos.
- Vamos embora. Prefiro apanhar uma chuvada que ser comida para cão – disse Pedro.
- Eu também – respondeu Edu.
Já fora do casebre, viram que a chuva tinha parado e afastaram-se alguns metros. Agora com as bicicletas, afastaram-se e de repente, Edu ouviu um barulho esquisito.
- Que barulho foi esse? – perguntou Edu.
Pedro não respondeu e Edu olhou para trás, vendo o pai caído no meio da lama e de alguns arbustos.
- Ajuda-me – pediu Pedro.
Com dificuldade, Edu aproximou-se do pai e com algum esforço, conseguiu ajudá-lo a levantar.
Novamente nas bicicletas, continuaram o caminho e agora com o sol a querer aparecer, tudo parecia estar a melhorar. Ao longo de vários de vários metros, pedalaram, pedalaram, pedalaram e, ao chegarem ao topo de uma colina, começaram a observar os arredores tentando encontrar alguma povoação.
Depois de muito procurarem, desistiram pois não encontraram nada, o que os desanimou ainda mais.
Tristonhos, começaram a descer a colina e, de repente a bicicleta de Edu fez um barulho esquisito e a corrente partiu-se.
Rapidamente, Edu desceu da bicicleta e com a ajuda do pai, tentaram colocá-la no local correto. Após várias tentativas mal sucedidas, Edu sentou-se numa pedra e começou a olhar para o local.
- Vou tentar ligar para alguém e pedir ajuda – disse Pedro.
Ao pegar no telemóvel, Pedro viu que o visor estava vazio e tentou ligá-lo mas, não conseguiu pois a bateria tinha terminado.
- É melhor irmos para o carro que está quase noite – disse Pedro.
No carro, Sónia tentava manter-se calma.
- Ainda falta muito? – perguntou Mia.
- Não. O pai deve estar quase a chegar com ajuda – disse Sónia.
- Mas, ainda falta muito? – perguntou Mia.
- Tem calma que já falta pouco – respondeu Sónia.
- Mas quanto? – perguntou Mia.
- Não sei. Mas, não te preocupes – respondeu Sónia.
- Quero ir para casa – disse Mia.
- Queres tu e queremos todos – disse Sónia.
- Eu não gosto de estar á espera – disse Mia.
- Ninguém gosta. Mas, a vida é feita de esperas, umas boas e outras más – disse Sónia.
Nesse momento, Pedro e Edu chegaram.
- Então!? Já falaram com alguém? – perguntou Sónia.
- Nada. Fomos a uma aldeia mas, não encontrámos ninguém. E, como se isto já não estivesse mau, a bateria do meu telemóvel acabou – respondeu Pedro.
- Onde vamos dormir? – perguntou Edu, vendo que já anoitecera.
- Vamos ter que dormir no carro – respondeu Pedro.
- Como!? – perguntou Mia.
- Não vai ser fácil mas, temos que nos arranjar – respondeu Pedro.
Depois do pai estender os bancos, todos se colocaram o mais confortável possível e prepararam-se para dormir. Durante a noite, as melgas incomodaram—nos e, ao acordarem no dia seguinte, viram que foram muitas vezes mordidos e que por isso, estão cheios de marcas.
Depois de Pedro se afastar para procurar novamente ajuda, Sónia ficou junto dos filhos.
- Estou cheio de fome – disse Edu.
- E eu também – concordou Mia.
Sónia remexeu na sua carteira e tirou de lá um pequeno pacote de bolachas de água e sal.
- Só tenho isto. Comam-nas – disse Sónia.
Depois de as repartir, Sónia saiu do carro e ficou a olhar o horizonte.               Nesse momento, ouviu um barulho esquisito parecido com o de uma ventoinha enferrujada.
Então, aproximaram-se da estrada principal e segundos depois, viram um trator que avançava naquela direção.
Ao vê-los tão agitados na berma, o condutor parou.
- Bom dia. Precisam de algo? – perguntou o senhor.
- Bom dia. Sim. Ontem saímos para ir passear mas, o carro avariou e não consigo contactar com ninguém. Tivemos que dormir no carro e agora, quando ouvimos o barulho do seu trator, ficámos muito felizes – respondeu Pedro.
- Muito bem. Eu sou o Aniceto e vou a caminho da vila Miluca. Se quiserem, posso levar alguém até lá – disse Aniceto.
- Muito obrigado. Nem imagina como nos está a ajudar – disse Sónia.
Subindo para o trator, Pedro partiu para ir buscar ajuda.
        Na vila, Pedro foi á policia e esta, rapidamente disponibilizou um carro e um reboque que, seguindo as indicações de Pedro, chegaram a junto da restante família. Correndo para o carro, Pedro abraçou Mia e Edu.
        - Eu disse que tudo se ia resolver – disse Pedro.
        Já dentro do carro da polícia, regressaram a casa e assim terminou um passeio recheado de aventura.


                                                                                 

                                                                                                                               

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