sexta-feira, 11 de abril de 2014

A Carpintaria Do Senhor André

         Acabado mais um dia de escola, Daniel de 8 anos regressou a casa.
         Depois de fazer os trabalhos da escola, Daniel aproximou-se da mãe Margarida e entregando-lhe um envelope, disse:
         - Mãe. A professora Sofia mandou entregar-te isto.
         Apanhada de surpresa, Margarida disse:
         - Espero que não seja nada de mal.
         Ao abrir o envelope, Margarida leu:
Sra. Margarida, venho através desta carta informá-la de uma situação decorrida hoje na sala de aula, com o seu filho Daniel e dois colegas.
Durante a realização de uma ficha, o Daniel pediu para ir à casa de banho e autorizei o pedido.
Aproximadamente 10 minutos depois, o seu filho regressou à sala e a partir desse momento, o sossego terminou.
Entre risos, todos os alunos ficaram desatentos e inquietos, o que tornou a aula mais complicada. 
Numa ocasião em que percorria a sala, ouvi o seu filho dizer:
“Cuidado! Não calque os caracóis!”
Como deve imaginar, olhei instantaneamente para o chão e vi lá dois grandes caracóis. Após esta situação, pedi à empregada da limpeza para retirar os animais para a rua e continuei a aula.
Depois de tudo normalizado, perguntei quem tinha levado os caracóis para a sala e diversos alunos disseram que tinha sido o seu filho Daniel.
Após uma reflexão, venho pedir-lhe que repreenda o seu filho e que lhe aplique um castigo.
                                                                                  Assinado: Professora Sofia
                              
         Surpresa com o que lera, Margarida olhou para Daniel e perguntou:
         - O que é isto!?
         Fazendo uma expressão inocente, Daniel respondeu:
         - Foi só uma brincadeira.
         Agora com uma expressão zangada, Margarida disse:
         - O que fizeste não foi uma brincadeira e quando o teu pai chegar vamos decidir qual vai ser o teu castigo. Agora, vai para o teu quarto!
         Amuado, Daniel foi para o quarto e sentou-se no chão a brincar com um carro.
         Mais tarde, quando o pai Jaime chegou a casa, Margarida mostrou-lhe o envelope e disse:
         - O nosso filho trouxe esta carta da escola. Lê-a.
         Depois de a ler, Jaime disse:
         - Temos mesmo que lhe dar um castigo.
         Margarida disse:
         - Já pensei em tirar-lhe a televisão do quarto.
         Jaime respondeu:
         - Com tanta coisa que ele lá tem, estar sem televisão não o vai afetar.
         Margarida concordou dizendo:
         - Sim. Nisso tens razão.
         Depois de pensar um bocado, Jaime disse:
         - Lembrei-me agora da carpintaria do André. Vou-lhe ligar e perguntar se o nosso filho o pode ir ajudar lá.
         Rapidamente, Margarida disse:
         - Era bom se pudesse ir.
         Jaime afastou-se e depois de telefonar para André regressou, dizendo:
         - Já está tudo tratado. Falei com o André e ele disse que é á tarde que fazem os móveis.
         Margarida sorriu e disse:
         - Espero que tudo corra bem.
         Olhando para o filho, Jaime disse:
         - De certeza que vai tudo correr bem. O André é um velho que adora crianças e sei que vai adorar ter o nosso filho como ajudante.
         Na 2ªfeira seguinte, Daniel terminou as aulas da manhã e durante o caminho para casa, tentou imaginar o que iria fazer. Quando a mãe o deixou na carpintaria, Daniel olhou para André e tímido, disse:
         - Boa tarde.
         Sorrindo, André disse:
         - Boa tarde e bem- vindo.
         Sem saber o que falar, Daniel disse:
         - O meu pai disse para eu vir para aqui de castigo.
         André olhou para Daniel e disse:
         - Não chames a isto um castigo. Vais ver que ainda vais gostar.
         Um bocado triste, Daniel viu algumas tábuas de madeira e uma mesa muito bonita e trabalhada.
         No momento em que Daniel observava a mesa, André aproximou-se e perguntou:
         - O que achas da mesa?
         Daniel respondeu:
         - Acho que é muito bonita.
         Sorrindo, André disse:
         - Se quiseres, posso ensinar-te a fazer uma igual.
         Feliz, Daniel disse:
         - Quero.
         Terminada a conversa, Daniel ajudou André a acabar um móvel e depois umas cadeiras.
         De regresso a casa, a mãe Margarida aproximou-se de Daniel e perguntou:
         - Então filho, como foi a tua tarde!?
         Sorrindo, Daniel respondeu:
         - Foi boa. Estive a ajudar a fazer um móvel e umas cadeiras.
         Querendo saber mais, Margarida perguntou:
         - Gostaste?
         Feliz, Daniel disse:
         - Sim. Quero aprender a fazer coisas bonitas como o senhor André.
         Com um sorriso, Margarida disse:
         - Vais continuar a lá ir mas, não podes esquecer a escola.
         Concordando, Daniel disse:
         - Vou fazer tudo bem.
         Os dias foram passando e Daniel continuou a ir à escola e à oficina do senhor André.
         Um dia, enquanto contava aos pais o que tinha feito na oficina, Daniel disse:
         - Hoje, depois de arranjarmos uns bancos, o senhor André esteve-me a ensinar a fazer figuras na madeira e é difícil.
         Depois de mostrar um pequeno pedaço de madeira com uma imagem que tinha conseguido fazer, disse:
         - Agora sei que ser carpinteiro não é fácil e por isso, vou estudar e portar-me bem para um dia ter uma profissão melhor.
         A partir desse dia, Daniel tornou-se um aluno exemplar que sabia agora dar valor ao estudo e ao trabalho.

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