sexta-feira, 11 de abril de 2014

O Sapateiro Pobre

Durante as férias, numa manhã de sol os amigos João, Lara, Filipe e Joana de 8 anos passeavam divertidos pela praça Rebola da aldeia Segredo.
            Ao chegarem à beira do lago do parque Suspiro, Lara viu uns patos recém nascidos e disse:
            - Que bonitos! Tão fofinhos e amorosos.
            Concordando, Filipe disse:
            - Sim. Só apetece pegar-lhes e fazer festinhas.
            Minutos depois, os amigos sentaram-se num banco de jardim e felizes, riam-se.
            Algum tempo depois, Joana olhou para um grande e velho plátano e viu lá perto um sapateiro que concentrado cozia um sapato. Curiosos, os amigos aproximaram-se e João perguntou:
            - Que está a fazer?
            Olhando para os amigos, o sapateiro respondeu:
            - Estou a arranjar sapatos.
            Querendo saber mais, Joana perguntou:
            - Mas, porque está a arranjar os sapatos que as outras pessoas estragaram?
            O sapateiro respondeu:
            - Muitas vezes, as coisas estragadas podem ser arranjadas e é isso que eu faço.
            Sem entender o que o sapateiro tinha dito, Filipe disse:
            - Não percebi nada mas, deve ser uma profissão chata.
            Depois de pousar o que tinha nas mãos, o sapateiro olhou para Filipe e disse:
            - Não é uma profissão fácil mas, como tenho que trabalhar já aprendi a não reclamar. Aqui na aldeia, já todos me conhecem como o Chico sapateiro.
            Sorrindo, os amigos apresentaram-se:
            - Eu sou o João.
            - Eu sou a Lara.
            - Eu sou o João.
            - E eu sou a Joana.
            Depois da apresentação, os amigos olharam para o sapato que Chico estava a arranjar e Joana perguntou:
            - Como é que arranja os sapatos? Lá em casa, quando se estragam não os arranjamos.
            Chico sorriu e respondeu:
            - Um sapato pode-se estragar de várias maneiras mas, em muitos casos os problemas são fáceis de resolver.
            Tirando um sapato de uma saca e mostrando-o aos amigos, Chico disse:
            - Este, só precisa de ser cozido para ficar bom mas, à outros que precisam de cola e de outras coisas. No outro dia, tive que cozer uns que pareciam ter sido mordidos por um cão. Tive que os cozer e colar em vários sítios.
            Olhando fixamente para Chico, João perguntou:
            - Porque escolheu ser sapateiro?
            Chico respondeu:
            - Eu não escolhi ser sapateiro mas, como a vida está difícil e o dinheiro não nasce das árvores tive que começar a trabalhar assim.
            Sorrindo, Joana perguntou:
            - Já é sapateiro á muito tempo?
            Mostrando agora uma expressão séria, Chico respondeu:
            - Já sou sapateiro á 5 meses, desde que descobriram a doença da minha filha Anabela.
            Querendo saber mais, Lara perguntou:
            - O que tem a sua filha?
            Com os olhos cheios de lágrimas, Chico respondeu:
            - A minha filha tem uma doença grave e os tratamentos são caros. Por isso é que tive que começar a trabalhar como sapateiro.
            Sensibilizados com o problema, os amigos perguntaram:
            - Como podemos ajudar?
            Chico respondeu:
            - Como o problema é a falta de dinheiro, vocês não podem ajudar mas, agradeço a vontade.
            Sem saberem o que fazer, os amigos afastaram-se e sentaram-se na beira do lago. Depois de pensarem um bocado, Lara disse:
            - Lembrei-me que a minha avó Dolores sabe fazer uns bolos muito bons. Se calhar, podíamos vendê-los e assim sempre íamos conseguindo algum dinheiro.
            Rapidamente os amigos exclamaram:
            - Boa ideia!
            Preparados para começar, os amigos a casa da avó Dolores e Lara explicou:
            - Avó, conhecemos o sapateiro que está no parque e ele contou-nos que a filha está doente e que não tem dinheiro para a tratar. Por isso, eu e os meus amigos queríamos ajudá-lo e pensámos em vender do bolo que fazes muito bem.
            Feliz por a neta querer ajudar, Dolores foi á cozinha e pouco depois entregou-lhes um saco com bombons e rebuçados, dizendo:
            - Podem levar isto e mais logo venham cá que eu vou fazer o bolo.
            Animados, os amigos dividiram-se pela aldeia e a pouco e pouco começaram a vender as guloseimas.    
            Algum tempo depois, Lara foi a casa da avó buscar o bolo e feliz vendeu-o rapidamente, conseguindo obter 5 euros.
            Mais tarde, quando os amigos se reuniram, foram para casa de Filipe prontos para contar o dinheiro que tinham conseguido amealhar. Depois de o contar e recontar, Joana disse:
            - Neste primeiro dia conseguimos 13,50 euros.
            Contente, Filipe disse:
            - Se continuarmos assim, vai ser fácil.
            Nos dias seguintes, os amigos continuaram a vender as guloseimas e assim iam conseguindo juntar algum dinheiro.
            Numa manhã, os amigos reuniram-se e começaram a contar o dinheiro que tinham conseguido ao longo dos dias e atingiram os 44,75 euros.
            Felizes, fecharam o dinheiro num envelope e dirigiram-se ao parque. Quando lhe entregaram o envelope, Chico disse:
            - Muito obrigado. Com este dinheiro e algum que aqui tenho já dá para a minha filha fazer uma sessão de tratamentos.
            Os dias foram passando e numa tarde em que os amigos passeavam pelo parque, passaram pelo local onde Chico costumava estar e não o viram.
            Ao se aproximarem do quiosque Farripa, Lara perguntou ao vendedor Carlos:
            - Onde está o senhor Chico?
            Carlos respondeu:
            - O Chico foi com a filha fazer uns tratamentos.
Curioso, João perguntou:
            - E sabe se está tudo bem?
            Carlos respondeu:
            - Pelo que sei, os tratamentos estão a ter resultados muito bons. Acho até que a filha dele já está mais livre de perigo.
            Não conseguindo esconder a felicidade, os amigos sentiam-se muito bem pois tinham ajudado alguém a viver.


Nenhum comentário:

Postar um comentário